quinta-feira, 7 de julho de 2011

EM CONSTRUÇÃO
ATÉ BREVE

sábado, 13 de junho de 2009

A Velhice e a Sabedoria ou O Nosso Futuro

Velhos, idosos, 3ª idade, sinónimos numa nomenclatura que, na sociedade actual, parece cada vez mais, possuir uma conotação negativa. Somos uma espécie que adora rótulos, no entanto o significado não é suficiente sendo sempre dissecado em diferentes adjectivos. Vejamos, temos a 1ª Idade (infância/adolescência); 2ª Idade (adultos); 3ª Idade (idosos), dito de outra forma, totalmente aceitável nos tempos que correm: não produtivos; produtivos; improdutivos. A imagem social da velhice, que refuto e condeno, é a de um grande grupo de seres, homogéneo, não contributivos, sem legado e que para alem do mais sorve os recursos estatais, vulgo os nossos impostos. Numa sociedade que cultiva o físico e idolatra a juventude, é certo que esses seres velhos, feios de tanta ruga, e portadores de inúmeras formas de doença, não deveriam ser beneficiados por nada de útil produzirem para a sociedade. O próprio pseudo-reconhecimento do sector político-económico de que a forma produtiva se poderá manter até aos 65 anos, alargamento da idade da reforma, provoca comentários tipo: até os velhos são obrigados a trabalhar. Existe no entanto um paradigma à volta da velhice que parece ter o dom de a transformar numa dádiva dos deuses, é quando se torna necessário deixar à sua guarda os netos por uma imperativa saída nocturna ou um qualquer acontecimento social. Como dizia o meu avô “ não podemos matá-los, que podem vir a fazer falta” e acrescentando uma da minha autoria produzida aquando de uma formação de parentalidade para grávidas adolescentes em 2008, “ uma sociedade que vira as costas ao passado, não tem futuro, uma sociedade não acarinha os seus velhos, não tem presente”.

Se é verdade que ser velho não é, forçosamente, sinónimo de sabedoria, a verdade é que esta, como tantas coisas na vida, se constrói com o passar dos anos, com a experiência e com a vivência de cada um de nós, sendo assim potencialmente um velho, não só um acumulado de saberes mas fundamentalmente uma fonte de sabedoria. Segundo Pascual-Leone (1990) “ a sabedoria resulta da integração dialéctica do afecto, da cognição e das experiências de vida”. Num momento em que alguns de nós se questionam postulando a existência de uma 4ª Idade, até 5ª para os mais radicais, será o momento de definir de que forma integrar os mais velhos numa dinâmica de transmissão não só de saberes mas de saber viver. Uma dinâmica que parta da valorização do percurso existencial do ser, como refere Turkal, e que devolva a dignidade da existência aqueles que antes de nós ousaram crescer pessoal e socialmente criando assim as condições para a nossa própria evolução. Longe da caricaturização do velho como um ser em final de linha, equacioná-lo como alguém que vivenciou um complexo processo de aprendizagem, de interpretação e reinterpretação de respostas aos estímulos internos e externos, alguém que fruto das suas aprendizagens, mas também dos seus erros, construi-o um manancial de sabedoria que deveríamos canalizar a bem de todos. Tendemos a confundir a perda de capacidades, físicas ou mentais, próprias do envelhecimento, como perda de sabedoria. Também tendemos a considerar a dificuldade de verbalização como um sintoma do não saber. Só se pode concluir que tendemos muito e percebemos muito pouco, ou que é incómodo percebe-lo. Que dizer quando ao fim de décadas de oposição afirmamos que “o velho tinha razão”, será um retrocesso conceptual da nossa visão ou um sinal de sabedoria da idade? Considero que a manutenção de uma autonomia relativa é fundamental para o contínuo desenvolvimento da pessoa idosa, não sendo causa directa de inibição, a autonomia em conjunto com uma saúde física e mental preservada potencializa a consciência de uma necessária e permanente readaptação ao mundo que vivemos, não será fruto do acaso a crescente existência de universidades da terceira idade e o aumento da sua frequência. A sabedoria enquanto sistema complexo desenvolvido através da relação consigo, com os outros, com os saberes, e com os viveres é indissociável do ser idoso. Poderemos, em minha opinião, quantificar a sabedoria como idade x aprendizagens x relações, e compreenderíamos que a sabedoria se constrói na vida, com a vida e pela vida.

Um dia um velho sorridente dizia-me: “ Sabe porque estou aqui? quando percebi que tinha esquecido tudo foi uma alegria, podia aprender tudo outra vez. E para aprender as coisas novas tem de ser com vocês”. Velhice ou sabedoria?

Ser Adulto - eu e a aprendizagem

“Só aprendemos a ser sábios depois de aprendermos a ser simples.”
Agostinho da Silva

Olhando para trás, numa breve retrospectiva o meu percurso formativo sofreu das mesmas nuances que a maioria dos indivíduos. De um miúdo que desejava ser arquitecto, a um profissional da área social observa-se um percurso pontuado por constrangimentos, acasos, escolhas e balizado por fracassos e vitórias. Segundo Bandura (1977), uma das formas de promover a aprendizagem, é facultar ao sujeito um contexto de grupo que permita a observação e modelação de comportamentos mediante um processo reflexivo sobre atitudes e argumentos gerados em contexto grupal, daqui se infere a importância do outro na nosso percurso individual. Assim da professora “sensível” que provocou o desgosto pela matemática ao professor “anarca” que incentivava à participação comunitária activa, se desenrolou grande parte da compreensão da dinâmica do mundo. Mais que a educação formal, foi sem dúvida o desporto, de equipa (voleibol), que contribuiu para uma concepção organizativa e de dependência, de todos entre todos, em prol de objectivos concretos e comuns. Da caça submarina retirei a capacidade de compreender que tudo tem um tempo, embora também tudo se possa desenrolar num segundo. Na minha vida adulta muita da minha aprendizagem social deve-se a actividade desenvolvida com grupos carenciados sejam eles crianças e jovens ou mesmo adultos. Considerando os últimos 20 anos, tenho 43, fisiologicamente posso considerar que ainda não denotei as perdas que a literatura descreve, seja pelo facto de continuar a ter desempenhos idênticos, seja pelo facto de não desenvolver outro tipo de actividades onde essas perdas pudessem ser mais evidentes. Fui pai aos 35 e considero a hipótese de voltar a ser. Relacionalmente entendi os primeiros anos da fase adulta como um estágio educativo preparatório de uma relação, findo o devaneio, prepara-se o futuro. A nível profissional estabilizei na profissão nunca abdicando de experienciar novas abordagens, este facto tem permitido evoluir e diversificar de forma a evitar a cristalização. Se actualmente o tempo de ponderação para tomada de decisão teve tendência a aumentar, fruto das variáveis família, economia, nem por isso descarto o risco, embora controlado, nas decisões, principalmente nas profissionais. Mentiria se dissesse que o facto de a minha esposa ter a mesma profissão é isento nestas tomadas de decisão. Uma maior maturidade não me isentou de cometer erros, no entanto, permitiu-me antecipar constrangimentos e integrar as consequências de uma forma mais pedagógica. Se tal como afirmam alguns autores, possuir sabedoria é ter consciência de que não se sabe tudo e ter definidos os nossos limites, então posso assegurar, com alguma relativa certeza, que me tornei um sábio. Menos no que concerne à intervenção pois que ai considero que a vontade move montanhas. A minha formação profissional teve o condão de me despertar para a finitude das abordagens e para a não existência de fronteiras nas especialidades. Cedo defini uma linha de auto-formação que me tem permitido ir para além do óbvio da profissão e ao mesmo tempo manter uma atitude open mind que se tem traduzido numa multiplicidade de colaborações em equipas multi e pluri disciplinares, em Portugal e no estrangeiro, o que tem um benefício não mensurável na minha capacidade de me entender enquanto pessoa e enquanto indivíduo microbiano da sociedade.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Psicologia do Desenvolvimento Humano e a Educação ao Longo da Vida

Pois bem, vivendo e aprendendo. Certo? Nunca o terá sido tanto como hoje. Ultrapassados os tempos em que a apreensão do conhecimento possuía uma idade limite, entendemos hoje que o tempo de vida útil de um indivíduo, é todo ele uma tela onde imprimirá a sua evolução, enquanto ser único e social, utilizando todos os adquiridos da sua existência.
Se entendemos que a cada indivíduo corresponde uma estratégia educacional, porquê só agora entendermos que cada indivíduo comporta diferentes momentos, e que a esses diferentes momentos deverá corresponder uma diferente estratégia educacional.
Confuso? Vamos a ver. Se considerar-mos que o animal homem, o macaco nú de Desmond Morris, carrega à priori tudo aquilo que o define, então consideraremos que nada poderá ser feito em termos educacionais, poderá ou deverá, pois que na essência não existirá uma modificação no individuo.
Se por outro lado considerar-mos que o desenvolvimento será um processo continuo ao longo da vida, teremos que considerar a educação, ao longo da vida, como um factor indispensável desse mesmo desenvolvimento.
No entanto a diferentes momentos vivenciais deverão, como referi, constituir-se diferentes settings. Hoje entendemos que o desenvolvimento humano comporta variáveis como o pessoal, familiar, social, económico, tecnológico e educacional, assim vamos desenvolvendo estratégias que nos possibilitem abordar o individuo no seu todo tentando contribuir para esse mesmo desenvolvimento de diversas e multifacetadas formas.
Exemplo, a nível educacional, da escolaridade para todos, do aumento da escolaridade obrigatória, das diferentes formas de agir face aos abandonos precoces, das universidades para a terceira idade, formação profissional, dos CET, dos CEF, dos PIEFe de todos esses modelos que permitem por um lado garantir um contínuo de aprendizagem e por outro remotivar os que por algum percalço se desviaram do entendimento comum do que deve ser um percurso educativo. Estes factores derivam de um diferente entendimento da realidade, somos o animal que mais tempo depende dos progenitores, que mais tarde procria, ao mesmo tempo temos aumentado a esperança de vida, temos diferido o fim da chamada vida activa. Somos um animal gregário que aglutina em seus redor todos os “diferentes” tipos da sua espécie, brancos e pretos, homens e mulheres, altos e baixos, religiosos e ateus, patriarcais e matriarcais, capacitados e incapacitados, e mesmo assim sentimos que todos somos um só. Este facto aliado á permanente necessidade de aquisição de novas competências formata a necessidade de reavaliação do sistema educativo naquilo que tem sido o seu papel tradicional, o de transmitir instrução pura e dura. Estamos obrigados a construir uma educação que contribua de forma inequívoca para o bem-estar pessoal e social, uma educação integradora que ao mesmo tempo dê resposta às necessidades de um desenvolvimento coerente e universal. É certo que o desenvolvimento humano, enquanto momento social, e fotograficamente falando, é um fotograma datado, quer dizer o seu entendimento depende da história, é interpretado de forma diferente ao longo dos anos e por diferentes entendimentos. Assim os modelos educacionais também se transformam, conformando-se com o saber, e saber fazer, do momento em que se enquadram. Estamos num momento em que o individuo é entendido como sujeito capaz de aprendizagem ao longo de toda a sua existência, compreendemos que esta é constituída por diferentes momentos, faltará porventura criar condições para que este possa reverter para a sociedade todo este know-how. O papel dos mais velhos, ou menos novos, parece ser o de objecto educativo e não de sujeito da sua própria educação. Não gostaria de acabar sem manifestar um receio, o alongamento de um percurso académico, como o actual, ao longo de quase vinte cinco anos, se não for acompanhado de uma visão educacional que prevaleça para além da instrução, corre o risco de criar seres dependentes, sem capacidade afectivo-relacional, incapazes de contribuir para o desejado desenvolvimento integral e universal.

“ De pequenino se torce o pepino”

Este provérbio é sem dúvida, para mim claro que sou clarividente, uma recta sem fim. Se por um lado significa a não existência de um limite para o conhecimento, e para o desenvolvimento humano, por outro a minha vontade de agradar a quem acredita que o ser não se esgota no seu invólucro terreno.
Desde tempos imemoriais que a mole, a que se designa como povo, desenvolveu a capacidade de interpretar a vida, nas suas múltiplas facetas, e lhe atribuir significados traduzindo-os para uma linguagem acessível ao conjunto dos seus membros. Um conhecimento pleno de verdades implicitas que por vezes só centenas de anos após podemos enfim validar.
Entendo como este povão, que o ser humano deve de ser interpretado desde a mais tenra idade. Se é certo que o ser desejado, planeado e acompanhado durante a gravidez é fundamental para o indivíduo, também é certo que após o primeiro grito ele está pronto para iniciar a sua aventura social. É nos primeiros anos de vida que adquirimos a nossa consciência social, quem somos aqui, qual o papel que representamos e que esperam de nós. De pequenino apreendemos as normas, os signos, os significados, a rir e a chorar, a interpelar e a responder. Se torce o pepino pois o crescimento, ou será desenvolvimento, implica aquilo que costumo referir como dores de crescer, a apreensão dos valores, a compreensão dos limites, tudo o que nos será condicionante à vontade de ser mais ou diferente. Torcidos pela máquina comum, adequados a uma realidade pré-existente, formatados num sistema que ainda assim nos irá permitir desenvolver o eu que existe em cada um.
Este será por ventura um provérbio que poderá representar, de forma adequada, a noção de adquirido nas teorias do desenvolvimento humano. O individuo deverá ser intervencionado desde tenra idade de forma a integrar conhecimentos, experimentar afectos, desenvolver emoções. Torcer o pepino, desde pequenino, e em cada volta incluir a cultura, a relação familiar, a relação social, a economia, a jurisprudência, a e a e a e a, enfim a humanidade.

Questões sobre o desenvolvimento

- Qual o papel da família no desenvolvimento do ser?
- Qual o papel da linguagem nesse desenvolvimento?
- É mais importante o que sou ou o que poderei vir a ser?
- De que forma o conhecimento condiciona a existência?
- Existe limite ao desenvolvimento do ser?

sábado, 28 de março de 2009

EducaQuê?

Olá a todos, sejam benvindos.


Tentei chamar a este blog " qualquer coisa mais educação" mas desisti. Já tentaram criar um endereço de mail com educação no nome? "Educacao"? Será? " E du cacao"?
Penso em breve dissertar sobre a relação do E du cacao, ou da cultura do cacau e da sua relevância no desenvolvimento humano e social.