sábado, 13 de junho de 2009

Ser Adulto - eu e a aprendizagem

“Só aprendemos a ser sábios depois de aprendermos a ser simples.”
Agostinho da Silva

Olhando para trás, numa breve retrospectiva o meu percurso formativo sofreu das mesmas nuances que a maioria dos indivíduos. De um miúdo que desejava ser arquitecto, a um profissional da área social observa-se um percurso pontuado por constrangimentos, acasos, escolhas e balizado por fracassos e vitórias. Segundo Bandura (1977), uma das formas de promover a aprendizagem, é facultar ao sujeito um contexto de grupo que permita a observação e modelação de comportamentos mediante um processo reflexivo sobre atitudes e argumentos gerados em contexto grupal, daqui se infere a importância do outro na nosso percurso individual. Assim da professora “sensível” que provocou o desgosto pela matemática ao professor “anarca” que incentivava à participação comunitária activa, se desenrolou grande parte da compreensão da dinâmica do mundo. Mais que a educação formal, foi sem dúvida o desporto, de equipa (voleibol), que contribuiu para uma concepção organizativa e de dependência, de todos entre todos, em prol de objectivos concretos e comuns. Da caça submarina retirei a capacidade de compreender que tudo tem um tempo, embora também tudo se possa desenrolar num segundo. Na minha vida adulta muita da minha aprendizagem social deve-se a actividade desenvolvida com grupos carenciados sejam eles crianças e jovens ou mesmo adultos. Considerando os últimos 20 anos, tenho 43, fisiologicamente posso considerar que ainda não denotei as perdas que a literatura descreve, seja pelo facto de continuar a ter desempenhos idênticos, seja pelo facto de não desenvolver outro tipo de actividades onde essas perdas pudessem ser mais evidentes. Fui pai aos 35 e considero a hipótese de voltar a ser. Relacionalmente entendi os primeiros anos da fase adulta como um estágio educativo preparatório de uma relação, findo o devaneio, prepara-se o futuro. A nível profissional estabilizei na profissão nunca abdicando de experienciar novas abordagens, este facto tem permitido evoluir e diversificar de forma a evitar a cristalização. Se actualmente o tempo de ponderação para tomada de decisão teve tendência a aumentar, fruto das variáveis família, economia, nem por isso descarto o risco, embora controlado, nas decisões, principalmente nas profissionais. Mentiria se dissesse que o facto de a minha esposa ter a mesma profissão é isento nestas tomadas de decisão. Uma maior maturidade não me isentou de cometer erros, no entanto, permitiu-me antecipar constrangimentos e integrar as consequências de uma forma mais pedagógica. Se tal como afirmam alguns autores, possuir sabedoria é ter consciência de que não se sabe tudo e ter definidos os nossos limites, então posso assegurar, com alguma relativa certeza, que me tornei um sábio. Menos no que concerne à intervenção pois que ai considero que a vontade move montanhas. A minha formação profissional teve o condão de me despertar para a finitude das abordagens e para a não existência de fronteiras nas especialidades. Cedo defini uma linha de auto-formação que me tem permitido ir para além do óbvio da profissão e ao mesmo tempo manter uma atitude open mind que se tem traduzido numa multiplicidade de colaborações em equipas multi e pluri disciplinares, em Portugal e no estrangeiro, o que tem um benefício não mensurável na minha capacidade de me entender enquanto pessoa e enquanto indivíduo microbiano da sociedade.

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