sexta-feira, 3 de abril de 2009

“ De pequenino se torce o pepino”

Este provérbio é sem dúvida, para mim claro que sou clarividente, uma recta sem fim. Se por um lado significa a não existência de um limite para o conhecimento, e para o desenvolvimento humano, por outro a minha vontade de agradar a quem acredita que o ser não se esgota no seu invólucro terreno.
Desde tempos imemoriais que a mole, a que se designa como povo, desenvolveu a capacidade de interpretar a vida, nas suas múltiplas facetas, e lhe atribuir significados traduzindo-os para uma linguagem acessível ao conjunto dos seus membros. Um conhecimento pleno de verdades implicitas que por vezes só centenas de anos após podemos enfim validar.
Entendo como este povão, que o ser humano deve de ser interpretado desde a mais tenra idade. Se é certo que o ser desejado, planeado e acompanhado durante a gravidez é fundamental para o indivíduo, também é certo que após o primeiro grito ele está pronto para iniciar a sua aventura social. É nos primeiros anos de vida que adquirimos a nossa consciência social, quem somos aqui, qual o papel que representamos e que esperam de nós. De pequenino apreendemos as normas, os signos, os significados, a rir e a chorar, a interpelar e a responder. Se torce o pepino pois o crescimento, ou será desenvolvimento, implica aquilo que costumo referir como dores de crescer, a apreensão dos valores, a compreensão dos limites, tudo o que nos será condicionante à vontade de ser mais ou diferente. Torcidos pela máquina comum, adequados a uma realidade pré-existente, formatados num sistema que ainda assim nos irá permitir desenvolver o eu que existe em cada um.
Este será por ventura um provérbio que poderá representar, de forma adequada, a noção de adquirido nas teorias do desenvolvimento humano. O individuo deverá ser intervencionado desde tenra idade de forma a integrar conhecimentos, experimentar afectos, desenvolver emoções. Torcer o pepino, desde pequenino, e em cada volta incluir a cultura, a relação familiar, a relação social, a economia, a jurisprudência, a e a e a e a, enfim a humanidade.

1 comentário:

  1. Pois é vim aqui dar por acaso e gostei.Fico à espera de mais.
    António Silva

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